Elle
Com uma atuação digna de oscar de Isabelle Huppert(Amour - 2012) e direção de Paul Verhoeven(Tricked - 2012), Elle aborda um tema delicadíssimo de forma coesa e convincente, e entrega um excelente drama com a pitada perfeita de suspense.
Michèle, uma mulher poderosa, independente e opressora das vidas a sua volta, se envolve em um mistério que remete em achar o culpado por seu estupro, isso tudo ligado a uma teia de mentiras e relacionamentos ilícitos.
O assunto estupro vem nos últimos tempos sendo algo cada vez mais delicado, a cultura do estupro existe, e com ela pessoas mal informadas que as vezes deixam de fazer sua parte, coisas como um "esbarrar" se torna apenas uma coincidência,mais até onde essa mesma coincidência vai, e onde ela se transforma em abuso? Onde a conversa patrão/funcionária deixa de ser profissional, e uma "saidinha" com seu patrão se torna a unica escapatória para nao perder seu emprego? até onde vai a briga de marido e mulher nao se mete a colher? Então venho por meio desse texto,nao só avaliar o longa Elle, mais também exercer uma crítica social junto a cinematográfica.
Tudo em Elle é bem elaborado, pode se dizer que o assisti como se estivesse a ler um poema, um bom poema. Tudo está muito bem conectado, os personagens, a trama, a música, todo o tratamento audiovisual de Elle faz do mesmo um ótimo drama, regado de um pitada perfeita de suspense, e ver a evolução dos personagens é algo bem peculiar, ainda que simplório consegue remeter a leveza e coesão dos fatos, perceber como Michele se transforma em uma pessoa egoísta para uma pessoa mais modesta,mais sem perder o seu pulso firme é sutil e explicado em cada ato seu.
O desenvolvimento acolhe uma mulher individualista, preocupada com resultados, que foi maltratada por seu ex-marido, ignorada por seu filho, subestimada por seu caso secreto de amor e desrespeitada as cegas por seus funcionários, todos homens, que não acreditam no potencial da grande mulher que Michelle é, que inclusive se nega a enxergar tais casos , até ser estuprada, e logo em seguida, se conectar a um homem casado, mais mentiras, mais será que é disso que ela precisa, e o fato de ver que sua nora, ainda que uma mimada, sem escrúpulos e claramente imatura, já tenha o que Michele não tem, o poder sobre os homens de sua vida, tudo isso entrega uma Michele que ainda que se envolvendo em mais um relacionamento ilícito e doentio, encontra a forma de ser a mulher forte que é, destruindo as mágoas que causou nos outros e mostrando que pode ser a verdadeira dona de si que sempre mostrou ser.
Elle conta com duas reviravoltas em seu ato final, que leva a crer que ela realmente mudou com os acontecimentos, a aceitação não era uma escolha, e tudo é além de coerente muito real, o longa também conta o desenvolvimento de outros personagens por forma de diálogos, ao invés de flashbacks que cobrariam o triplo do tempo das conversas de Michèle, e peca apenas em deixar alguns argumentos ausentes e poucos personagens desperdiçados.
Por fim Elle é uma crítica social sobre um assunto delicado e sombrio que nos pega de jeito e Paul Verhoeven junto ao roteirista David Birk(13 sins - 2014) entregam uma novelização de uma polêmica muito conversada, principalmente entre nós brasileiros, e fazem isso de forma magnifica.
Algumas palavras a mais.
Só pra finalizar, esse filme me chamou a atenção, particularmente de forma positiva, pois, quando mais jovem tive dois de abuso com mulheres da família, por bem maior, nada grave, mais aconteceu, e isso é frustrante, uma delas ficou calada por dias na época até decidir contar, não faça isso, conte aos seus familiares, não é só de estrupo que estou falando, assédio moral no seu serviço,na faculdade, há casos nada raros até dentro de algumas famílias isso acontece, não aceite, não mantenha segredo, denuncie.
A vítima nunca é a culpada!
A vítima nunca é a culpada!
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