Creed: Nascido para lutar
O ano de 2015 foi claramente marcado pelo retorno dos clássicos, desde
Mad Max: Estrada da Fúria até Poltergeist. Alguns destes retornos agradaram aos fãs nostálgicos e a dura crítica atual, e seguiram pelo trilho de sucesso dos antecessores, porém outros nem
tanto, como o Exterminador do Futuro: Genesis, que fracassou em dar reboot na sua aclamada franquia original em vez de lhe dar uma continuidade. E esta foi a opção dos produtores de Creed: Nascido para Lutar, que acertou em cheio como um jab de direita. Claro que apostar em
um spin-off foi desde sempre uma jogada arriscada, mas, porém ganha mais quem
aposta alto.
Rodar o filme foi o mesmo que estar em um campo minado, o
diretor, Ryan Clooger (Pantera Negra,2018), um jovem audacioso que repete
seu trabalho ao lado de Michael B. Jordan (Quarteto
Fantástico,2015). O diretor sabia muito bem que estava se arriscando em
desenvolver uma nova trama para o eterno Rocky(1976) sem que pudesse ser alvo da crítica e dos fãs, mesmo porque o novo longa conta com tudo dos bons clássicos e uma pitada de modernidade que o
deixa na medida certa.
As flexões com uma braço, as corridas, as escadarias, as galinhas, a
tartaruga e claro o romance, que não deixa o desenvolvimento do filme sair
do eixo principal, todos os itens clássicos estão ali, mesmo a marcante trilha sonora, que está mais atualizada com um pouco de hip-hop, ainda
sim faz o filme ter mais o que mostrar com todos os diálogos mais dinâmicos e seus personagens secundários mais bem utilizados na trama.
Adonis, o personagem vivido por B. Jordan, sabe que a luta é tudo o que ele tem, é uma herança que resulta em seu mal comportamento, sua raça e vontade de lutar, e sem medo de tentar o garoto se arrisca e faz a
trama se desenrolar dinamicamente, mesmo que às vezes bem previsível.
No que diz respeito ao legado, Creed faz o
mesmo que Adonis e quer criar um nome próprio, bem além dos filmes originais e ambos fazem isso notoriamente bem, com os lances de câmeras bem
trabalhados, que nos levam para dentro do ringue e numa história comovente
de superação. Saindo do típico do estilo, este longa consegue
agradar mesmo que você não tenha visto nenhum filme, e te explica o
suficiente para não ter uma sessão frustrada.
Creed pode não ser tão fantástico quanto os clássicos, mais
não perde em nada quando o assunto é emergir no mundo do pugilismo de
forma que o leigo e profissional se agradem com o resultado.
É ótimo ver Silvester Stallone(Mercenários 3,2014) de volta como
Rocky Balboa, e sua atuação está tão boa como sempre, tanto como técnico de
Adonis quanto como amigo com problemas de saúde, tudo sai dele
naturalmente e como deve ser, pois tal atuação o rendeu a indicação a melhor
ator coadjuvante no Oscar 2016 que acontecerá dia 28 de fevereiro.
Por fim, Creed aposta sua ficha em bons atores, um jovem
porém ótimo diretor e em uma essência clássica que foi mantida mesmo com
tons modernos. Estas são engrenagens opostas que funcionam perfeitamente
juntas.
Texto: Louther Silva Revisão: Rafael Soares
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